Espetáculo (Des)pertencimento
Na Casa da Cultura de Itajaí
às 20h
Ingressos limitados
RESERVA PELO EMAIL:
andantereserva@gmail.com
SINOPSE
Duas pessoas que andam de lugar em
lugar levando consigo seus objetos revestidos de afetos e carregados de
memórias, pela simples necessidade de lembrarem suas identidades: de onde
vieram, quem são, o que buscam...
Delicadamente, eles tocam na saudade,
que é deles, mas que também é do publico. Escavam, memórias de si próprios e oferecem aos
espectadores por meio de objetos remanescentes de suas trajetórias pessoais ,
que ganham vida própria e se misturam com as do espectador - as que
ainda estão guardadas e as que já se
perderam...
FICHA TÉCNICA
Direção: Sandra Vargas
Atuação: Jô Fornari e Laércio Amaral
Dramaturgia: Sandra Vargas
( a partir de relatos autobiográficos dos atores)
Cenário e adereços: Sueli Andrade
Cenotécnico: Agnaldo Souza
Trilha sonora: Guilhermo Santiago
Iluminação: Luis André Querubini.
Adaptação de luz: Flavio Andrade
Figurinos: Marlon Zé
Designer gráfico: Daniel Olivetto
Operadora de som: Laura Osório
Operadora de luz: Adriano Magalhães
Produção: Cia andante
Recomendado para público acima de 12 anos
Duração: 80 min
Publico limitado: 40 lugares
SOBRE O (DES)PERTENCER
Somos uma construção elaborada com frágeis tijolinhos de
lembranças, tingida por sentimentos às vezes nobres, às vezes patéticos,
essencialmente humanos.
Ser ou pertencer a um lugar, a angústia da inadequação e algumas
de nossas memórias foram as inquietações que nos moveram a adentrar
nesta montagem. Estas mesmas inquietações se transformaram nos impulsos que estabeleceram a dramaturgia do espetáculo, criando
uma composição entre objetos e lembranças guardadas desde sempre.
O imigrante que sai de sua terra em busca de melhores horizontes;
a pessoa que sai do interior na direção do sonho da cidade grande; o impulso de
viajar e conhecer o mundo, pessoas e lugares; o sentimento de inadequação; o
distanciamento e a saudade da terra, do lugar de origem, das próprias raízes.
SOBRE A DIREÇÃO
“A Cia Andante me convidou para a construção de um projeto que
falaria de despertencimento. Começamos pelos objetos: pedi aos atores para
trazerem os objetos que quisessem para o ensaio. Para minha surpresa, Jô tinha
objetos guardados desde a sua infância até os dias de hoje. Ali estava toda uma
vida, que foi se revelando humana e sensível, um mundo que para mim era
desconhecido e ao mesmo tempo com o qual eu me identificava profundamente pelo
aspecto humano.
Laércio, que inicialmente não estaria em cena, acaba entrando no
processo, pois as memórias de Jô despertaram as suas memórias de uma maneira
delicada e poética. Buscamos, então, que as histórias se entrecruzassem.
Neste processo pudemos experimentar o objeto como portador de
memórias afetivas, onde o que havia de mais importante na sua utilização não
era a manipulação e sim o que ele despertava nos atores.
Assim, o despertencimento aparece como uma questão que é de todos
nós, e que revela uma fragilidade que buscamos esconder, mas que é dela de que
somos feitos.”
Sandra Vargas
SOBRE A
LINGUAGEM E A
PESQUISA
O teatro de objetos
tem como principal característica a utilização de objetos prontos (ready mades), deslocados de sua função
utilitária. É o teatro no qual se
representa com objetos sem transformar a sua natureza, criando uma dramaturgia
a partir da associação de ideias que os objetos despertam no ator e no
espectador, principalmente através de metáforas, imagens e simbolismos.
Em 1980, Katty Deville, juntamente com Cristhian Carrignon, do Teatro de
Cuisine e outras companhias como o Velo Theatre, Gare Central, Bricciolle,
Theatre Manarf, que faziam um tipo de teatro muito parecido na Europa, disse
que o que faziam era “teatro de objetos”, e essa terminologia ficou e foi se
difundindo com aquelas companhias e outras que surgiram após.
No processo do
espetáculo “(des)pertencimento”, inspirados pela pesquisa do Grupo Sobrevento, do
qual a diretora Sandra Vargas faz parte, experimentamos ir além do modo
tradicional como se manifesta o teatro de objetos. Provocados pela diretora,
fomos desenvolvendo um olhar e uma ação multifacetada sobre os objetos enquanto
portadores de memórias afetivas. Assim, importava mais o conteúdo emocional e
os relatos que o objeto despertava nos atores, do que o próprio objeto em si,
suas significações aparentes ou mesmo a sua manipulação em cena. Toda estrutura
dramatúrgica do espetáculo foi alicerçada através destes elementos norteadores.
À medida que os
atores iam se relacionando entre si e com seus objetos pessoais durante os
ensaios, foram se revelando situações que transcendiam as histórias pessoais e
tocavam na experiência humana de um modo mais amplo, universal. Neste sentido,
o olhar da direção foi fundamental para entrelaçar as ações e intenções dos
atores num encadeamento de cenas, fundamental para a construção da tessitura
dramatúrgica.
O objeto carregado
de memórias foi, no processo, o coadjuvante de histórias vividas, dos afetos e
desafetos inerentes à experiência pessoal. Foi ele, quem abriu as pequenas
gavetas onde escondemos nossas fragilidades e que nos revelam como humanos e
que fazem com que nos aproximemos uns dos outros. Assim, surgem os
“despertencimentos” que nos incomodam e que procuramos esconder, mas que,
quando revelados, vêm nos mostrar o tecido sensível do qual todos nós somos
feitos.
FRÁGIL. CONTÉM MEMÓRIAS.
Espetáculo dedicado à memória do Velho Puga e de todos nossos antepassados.