sexta-feira, outubro 17, 2014

Diário de bordo...FILHOS DO VENTO... 21.09

CERRO LARGO...

Chegando em Cerro Largo nos deparamos com uma pequena cidade, bonita e com uma praça central grande e arborizada. Normalmente somos atraídos à praça central onde iremos apresentar, por expectativa e curiosidade...


Em seguida nos dirigimos ao pequeno hotel. Antigo, bem organizado. Preserva um charme especial e um bom atendimento. Nosso contato na cidade , Janice, chega quase junto conosco ao hotel, uma boa coincidência (ficamos sempre atentos a essas pequenas sincronias como leves indícios de boa sorte).

Janice à direita 

Após o descarregar das malas, almoçamos, nos esticamos para uma curta “siesta” e em seguida vamos à praça escolher o local que nos pareça o mais adequado para a montagem. Parados à frente da prefeitura recebemos as boas vindas do seo Milton, que trabalha na segurança do paço municipal. Os bons sinais vão se somando.

Montamos nosso pequeno circo. O público chega, vai chegando devagarinho. E trazendo suas cadeiras dobráveis e o inseparável chimarrão. Vamos organizando as coisas e batendo um papo com a plateia que vai se somando. Idosos, jovens, adultos, crianças. Crianças trazendo seus cãezinhos em carrinhos de boneca. A praça é, normalmente, festiva.





Vem o Adriano, com sua dificuldade de fala e locomoção empurrando seu carrinho de supermercado adaptado para catar latinhas. Está curiosíssimo com o que vê e ficamos trocando algumas ideias, eu a entender o seu dialeto, ele a entender o meu.


E o público vem chegando. Mais cadeiras e mais cuias.
A pequena Cerro Largo nos surpreende com sua movimentação de domingo à tarde na praça e arredores. O dia ajuda e muito, o sol está a brilhar.

Começamos a função fazendo nossa tradicional abertura, bradando “os ciganos chegaram à (Cerro Largo)...”. Distribuímos as senhas, as crianças sempre se adiantando. Alguns adultos, curiosíssimos, sucumbem ao medo do mistério: ficam à espreita. Após a primeira rodada de apresentações, com tantos comentários, caras-bocas-sorrisos, os reticentes se encorajam e buscam agora entender que magia encantou os primeiros que se arriscaram.







Chamo Adriano, mesmo sem senha. Ele não quer se afastar do apoio de seu carrinho. Insisto, trago-o pela mão, ajudo-o a sentar-se no banquinho. Para ele é difícil, o corpo retorcido pouco ajuda, mas sei que a firmeza de minha mão o ampara e sei que ele sente e sabe. Durante a apresentação observo suas feições, tenho o privilégio de ver seus olhos. Ao terminar, ele me pede para ajudá-lo a levantar-se; vamos até seu carrinho. Ele me agradece ternamente, sempre sorrindo, e nos despedimos. Ele se volta mais uma vez e sorri...
Meu coração se alargou nestes cerros.


Findando as apresentações nos inserimos numa das rodas de chimarrão para curtir um mate e bater um papo com as pessoas que permanecem na praça. Uma delícia de tarde.

Outro anjo que se apresenta para nós é o Juca. Agitador cultural, um “rapaz eclético”, segundo ele mesmo. Nos auxilia na praça, fotografa e apanha depoimentos. É também nosso cicerone, nos acompanha ao café da tarde após a função e depois também ao jantar. E nos apresenta ao boteco das cervejas artesanais, para a comemoração de mais uma etapa cumprida.
Valeu Juca! Até o próximo encontro no estradar das artes... Ótimas lembranças de Cerro Largo.



Ao amanhecer, pé na estrada rumo a São Borja, nossa próxima etapa.

Por Laércio Amaral


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